Um caso que se arrastava na Justiça há sete anos teve desfecho na noite dessa última sexta-feira (23/05), com a condenação de Edmar, acusado de atropelar e arrastar um empresário por cerca de 50 metros com uma caminhonete Amarok branca, em um crime ocorrido na madrugada de 15 de junho de 2018, nas imediações da antiga casa noturna Villa Victoria e da Praça de Eventos, na Avenida Roberto Gemignani.
Na época, a vítima, um empresário, sofreu ferimentos gravíssimos e foi socorrido às pressas para a Santa Casa de Misericórdia de Itapeva. Desde então, o caso vinha sendo investigado e tramitando na Justiça.
Após anos de expectativa, o julgamento foi realizado nos dias 22 e 23 de maio de 2025, no Fórum da Comarca de Itapeva. O Tribunal do Júri Popular teve início às 10h30 da quinta-feira e se estendeu até às 21h da sexta-feira, com dois dias de debates acalorados, apresentações de vídeos, imagens da vítima após o atropelamento e depoimentos de testemunhas.
Plenário lotado e manifestação silenciosa:
Durante os dois dias de julgamento, o plenário permaneceu lotado. Familiares e amigos da vítima compareceram com camisetas que estampavam a frase: “7 anos esperando por justiça, agora é a hora”. O advogado de defesa de Edmar pediu a retirada das camisetas, mas o juiz manteve o uso, considerando a manifestação como “silenciosa e permitida”.
Falas fortes marcaram os dois lados:
A defesa do réu, conduzida pelo advogado Dr. Marcelo Martins de Oliveira, concentrou boa parte de sua argumentação em críticas à investigação e às autoridades envolvidas. Entre as falas mais polêmicas, o advogado declarou:
“Que vergonha, Dr. Aulo, o delegado. Não é possível que ele tenha estado à frente desse caso.”
“A polícia de Itapeva foi envergonhada.”
“A vítima tentou segurar a caminhonete no peito.”
“Esse vídeo é fajuto.”
“O único crime que ninguém pode dizer que nunca vai cometer é o de homicídio. Nós não podemos dizer que nunca vamos matar.”
Ele também afirmou que só teve acesso a imagens importantes nos últimos dias, embora não tenha apresentado o conteúdo ao júri. A caminhonete foi chamada por ele de “perua”, enquanto a acusação se referiu ao veículo como um “tanque de guerra de duas toneladas”.
Já o advogado da vítima foi incisivo ao dizer que Edmar agiu com frieza e intenção:
“Foi vingança.”
“A vítima sobreviveu por um milagre.”
“Foi uma vingança fria e premeditada. É fazer justiça com as próprias mãos.”
“O réu escolheu fugir.”
“Quem semeia violência, deve colher consequência.”
“A vida tem valor e a Justiça ainda existe.”
Ministério Público e testemunhas:
O Ministério Público reforçou o pedido de condenação, criticando a postura da defesa:
“A defesa falou pouco sobre o caso e se concentrou em atacar autoridades.”
Quatro testemunhas e um perito técnico contratado pela defesa foram ouvidos. Três delas ficaram incomunicáveis após seus depoimentos, por 24 horas. Ao retornarem, negaram ter algo a acrescentar. A votação final ocorreu com os 7 jurados reunidos em sala secreta, enquanto o réu aguardava sozinho no plenário, cabisbaixo.
Condenação:
Após mais de 24 horas de julgamento, Edmar foi considerado culpado por tentativa de homicídio duplamente qualificado. Foi condenado a 7 anos de prisão em regime fechado e conduzido imediatamente pela Polícia Militar ao Plantão Policial de Itapeva, onde vai passar a noite em uma cela compartilhada com outro preso. Ele segue aguardando escolta para ser transferido logo pela manhã para um presídio.
O juíz, que conduziu com excelência o julgamento, finalizou dizendo “Foi um julgamento histórico e grande, que ficará marcado em sua carreira.”