A população de Itapeva vive um verdadeiro colapso na área da saúde pública com a falta de medicamentos básicos, insumos e até remédios de alto custo. Entre os mais procurados e em falta estão dipirona, insulina, antidepressivos, medicamentos de uso controlado, fitas para medir glicemia e dietas enterais para pacientes que utilizam sondas. Desde o início do ano o problema se agravou e, até agora, a situação não foi solucionada.
A equipe do Itapeva Alerta esteve na Secretaria Municipal de Saúde para cobrar respostas da secretária Karen Grube, que assumiu a pasta no final de julho. Durante a entrevista exclusiva, Karen reconheceu a gravidade da situação, explicou os entraves burocráticos e apontou as medidas que estão em andamento para normalizar o fornecimento.
“Temos hoje três licitações em andamento: uma para insumos de diabéticos, uma para dietas enterais e outra para a REMUME, que contempla quase 300 medicamentos, incluindo 40 novos itens solicitados por médicos da rede municipal. A publicação foi feita no Diário Oficial e já estamos na fase de chamamento das empresas”, explicou.
A secretária ressaltou que a maior dificuldade está na burocracia do processo licitatório, que sofreu alterações em 2021 e se tornou mais demorado. “Quando cheguei já havia falta de diversos medicamentos. Abrimos um processo emergencial em agosto, mas cada etapa exige prazos legais, publicação, possibilidade de impugnações. Isso atrasa muito a chegada dos medicamentos às prateleiras. Mas a expectativa é que até a metade de outubro a situação esteja regularizada”, afirmou.
Enquanto os processos não avançam, pacientes seguem cobrando diretamente nos postos de saúde, farmácias públicas, vereadores e até nas redes sociais. Muitos relatam não ter condições financeiras de comprar medicamentos de uso contínuo.
Karen reconheceu a pressão e revelou que tem recebido diariamente mais de 200 mensagens em seu celular, a maioria sobre a falta de remédios. “Estamos trabalhando com total transparência. Já abrimos sindicâncias para apurar falhas internas e atrasos em processos que deveriam estar concluídos há meses. Não temos ainda todas as respostas, mas estamos cobrando responsabilidade de cada setor envolvido”, disse.
Remédios de alto custo: Atraso do Estado
Outro problema grave é a falta de medicamentos de alto custo, fornecidos pelo governo estadual. Segundo a secretária, houve atrasos de até 15 dias nos últimos dois meses, sem qualquer justificativa.
“São cerca de dois mil pacientes dependentes desses medicamentos, alguns com valores que chegam a R$ 40 mil. O município já gasta R$ 15 milhões por ano com medicamentos, quando o previsto seria R$ 4 milhões. Não temos como assumir essa despesa. O atraso afeta não só Itapeva, mas também outros municípios da região, como Sorocaba e Itapetininga”, explicou.
Diante da falta de respostas do Estado, a secretaria encaminhou denúncia ao Ministério Público nesta semana, buscando responsabilização e garantia de fornecimento. “Não podemos aceitar a falta de assistência e a ausência de um prazo definido. A população não pode ficar sem resposta”, afirmou Karen.
Apesar da gravidade do cenário, a secretária garante que está confiante na normalização do fornecimento nos próximos dias. “Minha expectativa é que em até 15 dias tenhamos os medicamentos disponíveis nas prateleiras. Peço desculpas à população, sei que quem precisa não pode esperar, mas estamos correndo contra o tempo para superar essa fase crítica”, concluiu.
Enquanto isso, Karen orienta a população a procurar as farmácias populares, onde alguns medicamentos de uso contínuo podem ser retirados gratuitamente.