Uma noite de desespero marcou o fim de uma série de atendimentos na UPA de Itapeva, onde a pequena Maria Júlia Gomes da Rosa Santos, de apenas 2 anos, veio a óbito após três dias de atendimento médico. O caso, levantou suspeitas de negligência médica por parte dos pais, e foi registrado na Delegacia de Plantão pelo advogado da família, André Maximiano, nas primeiras horas da madrugada deste domingo (24/11).
Os pais, Thaís Santos e Júlio César Gomes da Rosa, relataram que buscaram ajuda na unidade de saúde em três ocasiões, enfrentando um cenário de sintomas persistentes e agravamento progressivo:
-Primeiro atendimento (22/11/2024): A criança apresentava sinais de gripe, foi medicada e liberada em seguida.
-Segundo atendimento (22/11/2024): Com sintomas de diarreia, vômito e febre, foi diagnosticada com suspeita de infecção de garganta, novamente medicada e liberada com receita pra casa.
-Terceiro atendimento (23/11/2024):
Maria Júlia retornou em estado crítico, com boca e pés arroxeados e dificuldade para respirar. Recebeu oxigênio e passou por reanimação, mas não resistiu e faleceu.
O advogado da família apontou que exames detalhados não foram realizados antes da tentativa de reanimação, o que caracteriza uma possível negligência médica. Inicialmente, a causa da morte foi registrada como “Insuficiência Respiratória Aguda Grave”. No entanto, o médico responsável revogou essa declaração e solicitou uma necropsia para esclarecer as circunstâncias.
O QUE DIZ A EQUIPE DA UPA:
Nossa equipe de reportagem ouviu o médico Diego Lipe, responsável técnico, e a coordenadora de enfermagem, Andressa Drummond, que relataram os procedimentos adotados em cada atendimento. Segundo Drummond, após a piora do quadro e a intubação, foi iniciada a busca por vaga em UTI pediátrica. Contudo, Itapeva não possui leitos de UTI infantil, e a Santa Casa local estava com a pediatria lotada.
“Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance com os recursos disponíveis na unidade”, afirmou Andressa, emocionada, ao relatar os esforços da equipe. O médico Diego Lipe reforçou que, nas visitas iniciais, o quadro de Maria Júlia era tratado como gripal e, em seguida, amigdalite com vômitos e febre. Após estabilização, a alta foi autorizada. Porém, no último atendimento, o quadro da criança já estava pior, e exames foram solicitados.
“Perder uma criança é devastador, tanto para a família quanto para a equipe que lutou pela vida dela”, lamentou o médico.
INVESTIGAÇÃO EM CURSO:
O corpo de Maria Júlia foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba, onde passará por necropsia para determinar a causa exata da morte. O delegado titular de Itapeva acompanha o caso, que seguirá em investigação.
A tragédia abre espaço para questionamentos sobre a estrutura da saúde pública local e o suporte dado a pacientes em situações críticas. As cenas de dor vividas pelos pais e a luta da equipe médica expõem as fragilidades do sistema.