O pequeno Caique Ferreira, de 7 anos, está internado em estado gravíssimo na UTI de um hospital em Sorocaba, após, segundo a família, receber uma dose cinco vezes maior que a prescrita de um medicamento anticonvulsivo durante atendimento no posto de saúde de Taquarivaí. A mãe do menino, Jociele Ferreira, denuncia que o caso foi resultado de um erro e pede justiça.
Caique é uma criança com deficiência, cadeirante e diagnosticado com crises convulsivas controladas por medicação. De acordo com Jociele, o menino começou a passar mal na manhã do dia 17 de outubro, quando foi levado para atendimento médico na unidade de saúde da cidade.
“O Caique já é um menino especial, nasceu prematuro e tem convulsões. Quando ele tem crise, sempre o levo ao posto, eles aplicam o remédio e ele melhora. Mas nesse dia foi diferente. Deram a medicação, e de repente ele começou a vomitar, se contorcer, virar os olhos. Eu nunca tinha visto ele daquele jeito”, contou a mãe.
Segundo ela, após o agravamento do quadro, a médica responsável pediu que Jociele se retirasse da sala. Minutos depois, foi informada de que houve um erro na dosagem da medicação.
“A doutora me chamou e disse que precisava ser sincera comigo. Contou que as enfermeiras aplicaram cinco vezes a dose correta. Depois disso, meu filho entrou em sedação e não acordava mais. A saturação começou a cair e decidiram entubá-lo.”
A mãe afirma que a equipe levou mais de duas horas para conseguir realizar a entubação. “Ficaram lá dentro muito tempo, e quando saíram, disseram que o estado dele era gravíssimo. Ele foi levado para Sorocaba e, chegando lá, os médicos confirmaram o erro na dosagem e disseram que a garganta dele estava machucada pela entubação feita aqui”, relatou.
Desde então, Caique permanece entubado e em coma, e a equipe médica estuda a necessidade de realizar uma traqueostomia devido ao inchaço na garganta e às dificuldades respiratórias.
“Meu filho é a alegria da casa. É um menino inteligente, carinhoso, que estuda, lê e brinca. Agora está lá, entre a vida e a morte, por causa de um erro. Eu só quero justiça, e que nenhuma outra mãe passe por isso”, desabafou Jociele emocionada.
A mãe também relata falta de assistência do município. “Eles cedem o carro para eu ir até Sorocaba, mas fora isso, não recebi nenhum apoio emocional ou social. Só um vereador me mandou mensagem oferecendo ajuda”, afirmou.
Procurado pela reportagem do Itapeva Alerta, o secretário de Saúde de Taquarivaí, Edson Félix, confirmou que o atendimento ao menino Caique foi realizado por uma empresa terceirizada que administra o pronto atendimento da cidade, e que uma apuração interna está em andamento.
Durante a entrevista, o secretário pediu calma e afirmou que não pode se pronunciar antes da conclusão da investigação.
“Nós estamos realizando um processo de acariação com a empresa terceirizada. Assim que tivermos a materialidade dos fatos, levarei o caso à Câmara e à população. Não posso apontar erro sem ter o relatório técnico em mãos”, disse Félix.
Segundo ele, a secretaria aguarda o relatório da empresa responsável pelo posto, que deve ficar pronto nos próximos dias.
“Erros podem acontecer, mas precisamos de provas concretas. Já solicitamos todos os depoimentos da médica e da equipe envolvida. Assim que tivermos o resultado, vamos divulgar oficialmente”, completou.
Questionado sobre o acompanhamento à família, o secretário afirmou que a Assistência Social do município foi acionada, mas que ainda não havia contato direto com a mãe até o momento da entrevista.
“A família deve procurar a assistência, mas de qualquer forma, estamos acompanhando o caso e aguardando o retorno do relatório para tomar as medidas cabíveis”, disse.
Enquanto a investigação segue, Caique continua internado na UTI de Sorocaba, lutando pela vida. A mãe segue firme, pedindo forças e clamando por justiça.
O caso segue em investigação. O Itapeva Alerta acompanha a situação e continuará cobrando respostas das autoridades municipais e da empresa responsável pelo atendimento.





