Na noite da última segunda-feira (11/08), um grupo de resineiros esteve presente na Câmara Municipal de Itapeva para pedir apoio diante da ameaça de despejo das áreas onde trabalham. Os trabalhadores, que atuam na extração de resina em propriedades da empresa Suzano, relataram que receberam notificação para desocuparem o local no prazo de 30 dias, apesar de um acordo anterior que garantiria o uso das áreas até 2030.
Em entrevista exclusiva ao Itapeva Alerta, o resineiro Wilian Matos explicou que o projeto teve início em outubro de 2020, como uma iniciativa social da própria Suzano, permitindo a exploração de áreas de preservação permanente (APPs) e reservas legais para extração de resina de pínus. Segundo ele, 56 pessoas estão atualmente cadastradas e dependem financeiramente dessa atividade.
“Fizemos um acordo transparente com a Suzano para permanecer por 10 anos nessas áreas, prazo que se encerraria apenas em 2030. Agora, recebemos um comunicado para sair em 30 dias. Investimos recursos, sonhos e o sustento de nossas famílias nesse trabalho. Vivemos exclusivamente da resinagem”, afirmou Wilian.
O resineiro Maicon Costa, representante da Associação dos Resineiros de Itararé, reforçou a preocupação com o impacto social da decisão. Segundo ele, 154 trabalhadores estão cadastrados apenas na associação de sua cidade, sem contar os familiares que dependem dessa renda.
“Vendemos bens para investir no trabalho. Estamos pedindo apenas uma conversa, um acordo justo. Não prejudicamos a Suzano em nada, ao contrário, ajudamos a preservar as áreas e reduzir focos de incêndio. Queremos apenas que cumpram o prazo que nos prometeram”, destacou Maicon.
Os resineiros afirmam que, caso o despejo seja mantido, dezenas de famílias ficarão sem fonte de renda imediata. Eles pedem que a empresa reabra o diálogo e considere a importância social do projeto, que, segundo eles, vinha sendo benéfico para ambas as partes.
“Em nota à imprensa”
A empresa informa que é a real proprietária das áreas onde iniciará por força legal as atividades de restauração ecológica de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reservas Legais (RL) nos municípios de Itapeva e Itararé, em São Paulo, localizados em uma região de transição entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado.
O projeto tem como objetivo o cumprimento da legislação ambiental, que determina a eliminação de espécies exóticas que não pertencem ao ecossistema natural local. A presença dessas espécies em áreas destinadas à conservação pode comprometer a biodiversidade, afetar o equilíbrio ecológico e dificultar a regeneração da vegetação nativa. O controle dessas espécies exóticas contribui diretamente para a conservação dos recursos hídricos, o fortalecimento dos serviços ecossistêmicos e o combate às mudanças climáticas.
Essa iniciativa está plenamente alinhada com as disposições do Código Florestal Brasileiro (Lei Federal nº 12.651/2012), atendendo integralmente às exigências legais para a regularização ambiental das propriedades envolvidas. A prática de restauração ambiental, que viabiliza o cumprimento da obrigação legal, encontra-se formalmente registrada junto à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, por meio do Sistema Informatizado de Apoio à Restauração Ecológica (SARE), conforme previsto na Resolução SMA nº 32/2014.
A empresa tem mantido diálogo com a comunidade local, buscando alternativas sustentáveis para mitigar possíveis impactos socioeconômicos.
Também está realizando diversas iniciativas sociais na região, reforçando seu compromisso com o desenvolvimento local e a restauração ambiental responsável.
Todas as ações estão sendo conduzidas com responsabilidade ambiental e social, por meio de escuta ativa e reuniões com a comunidade local. A empresa reforça seu compromisso com a transparência, o respeito às comunidades e o cumprimento rigoroso da legislação ambiental.
A companhia respeita o direito à manifestação e reafirma sua disposição para o diálogo construtivo com todos os envolvidos.