Via, Dona das Casas Bahia e Ponto, anuncia plano de redução de lojas e mudanças financeiras após prejuízo trimestral
A Via, conglomerado responsável pelas renomadas marcas Casas Bahia e Ponto, revelou um novo plano estratégico nesta quinta-feira (10), visando reestruturar suas operações após registrar um prejuízo trimestral de R$ 492 milhões no período de abril a junho. A empresa planeja realizar uma série de medidas para enfrentar os desafios financeiros e redefinir suas estratégias de negócios.
Uma das principais mudanças previstas é a redução drástica no número de lojas físicas. Com a previsão de encerrar entre 50 e 100 estabelecimentos ainda em 2023, a Via espera otimizar seus recursos e concentrar seus esforços em pontos mais rentáveis. A medida também inclui a eliminação de cerca de 6.000 postos de trabalho, sinalizando uma reestruturação significativa na força de trabalho da empresa.
A transformação nos planos da Via surge após uma mudança na liderança da companhia durante o segundo trimestre, com a nomeação de Renato Horta Franklin, ex-executivo da Movida, como novo presidente da varejista, e Elcio Mitsuhiro, com experiência na Iochpe-Maxion e BRF, assumindo a posição de diretor financeiro.
A estratégia também engloba uma revisão na gestão de estoques, com a meta ambiciosa de reduzir em até R$ 1 bilhão o valor dos produtos armazenados ao longo deste ano. Essa medida visa não apenas otimizar a eficiência operacional, mas também aliviar a pressão sobre a saúde financeira da empresa, que tem enfrentado dificuldades em seu desempenho econômico.
Outro ponto crucial no plano da Via é a reformulação da captação de recursos para financiamento de crediários. Atualmente, a empresa mantém 50% de sua exposição de crédito relacionada aos crediários. A proposta agora é transferir a carteira de crediário para o mercado de capitais por meio de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), liberando até R$ 5 bilhões em limites de crédito e proporcionando um novo impulso à estrutura de financiamento da companhia.
O direcionamento para um marketplace também é uma parte integrante da estratégia de mudança da Via. A empresa planeja migrar a comercialização de produtos de menor margem de lucro para seu marketplace, onde a rentabilidade pode ser maximizada.
Renato Horta Franklin, presidente da Via, destacou a necessidade de uma abordagem mais focada e rentável: “Temos uma mudança de estratégia da companhia. A companhia tinha uma estratégia de crescimento de GMV, de abertura de novos canais, de expansão de lojas, de aposta em fintechs. E a gente entende que isso tudo foi feito, construímos uma super plataforma e ela já é grande. Então, entre investir para crescer mais essa plataforma, ou pegar e rentabilizar o que tenho aqui, a gente prefere ganhar dinheiro com o que tem aqui.”
A reestruturação planejada é acompanhada por uma expectativa de redução nos níveis de investimentos da Via, com uma estimativa de até 40% de diminuição em relação ao ano de 2022. A implementação dessas mudanças operacionais tem o potencial de gerar um lucro líquido antes de impostos de até 1 bilhão de reais, de acordo com os executivos da empresa.
Apesar das mudanças ambiciosas e das metas de lucro projetadas, a Via não divulgou um cronograma específico para a concretização de suas metas até 2025. A nova gestão, liderada por Renato Horta Franklin, está focada em remodelar a empresa para enfrentar os desafios econômicos e posicionar a Via de forma competitiva no mercado varejista em evolução.